Vagas definições de objetivos e metas, muitas lacunas. Para boa parte dos estudiosos da complexa questão da defesa ambiental com desenvolvimento, o saldo da Rio+20 fica muito aquém das expectativas, apenas reafirma propósitos. O consenso possível entre os países resultou mínimo, inviabilizando uma proposta até para as fontes e formas de financiamento de tecnologias limpas para as nações mais pobres. Ficou para 2014.
Tal cenário era previsível, diante da crise econômica mundial e do momento político vivido pelos governos europeus no olho do furacão. As soluções para salvar o mundo ficaram em segundo plano em face dos problemas financeiros que bloquearam compromissos de investimentos, deixando quase tudo na manifestação de intenções.
Não se está assinando o completo fracasso da Rio+20, embora organizações sociais tenham usado a expressão Rio-20 para expressar sua decepção. Durante esses dias, centenas de debates sobre os mais diversos temas se realizaram, manifestações encheram as ruas, políticas de sustentabilidade foram discutidas. Tudo certamente contribuiu para realçar a importância e a urgência na busca de soluções.
Mas é inevitável questionar se foram empregados os muitos milhões que saíram dos cofres públicos para um evento de tamanha envergadura e reduzidas chances de produzir avanços reais. Somos um país, um estado e uma cidade de lixões. Só reciclamos 3% do que jogamos fora. Carecemos de saneamento básico. A Bacia do Paraíba do Sul, com 20 milhões de pessoas dependentes de sua água, está extremamente desmatada, e as consequências no abastecimento já se fazem sentir no Rio. Então, precisamos perguntar: valeu a pena?
Wadih Damous
Artigo publicado no jornal O Dia, 22 de junho de 2012
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